quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VESTIDA DO AVESSO






As Fotos são de Vilmar Carvalho





Vestida do Avesso é o novo trabalho de Pedro Delgado. Um projeto que tem como objetivo refletir, a partir de uma estética teatral, sobre os conceitos de gênero e educação.
A partir de um olhar sensível sobre a homossexualidade e a “teoria queer”, Delgado busca compreender e re-significar o papel da educação no desenvolvimento e na construção da personalidade e da sexualidade na sociedade contemporânea. Para expressar e dividir com o público essa inquietação, ele criou o monólogo intitulado Vestida do Avesso que mostra uma transexual que também é educadora num momento de grande significação e intimidade. Berna Herculine, a personagem do monólogo, chega ao extremo de seu limite suportável.
Para ela, em consequência de tudo o que já viveu, chegou o momento de transpor ou migrar para outro estado universal, ou simplesmente negar-se a compartilhar com os exageros cometidos em nome de valores tradicionais ultrapassados que impede a evolução e a possibilidade de borrar as fronteiras e os limites entre conceitos pré-estabelecidos e um novo olhar sobre a sociedade contemporânea. Ela aproveita que terá que fazer uma reunião com os pais de seus alunos para dividir com eles os últimos momentos de sua vida haja vista que cometerá o suicídio no final da reunião. Dessa forma, a platéia passará a assumir um papel importante nos últimos momentos da vida da professora o de ouvinte de seu desabafo e de sua preocupação com a forma como a educação trabalha com as diferenças e com a inclusão bem como com o Bullying “termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica”. Todo esse discurso é desenvolvido a partir de um olhar diferenciado de uma transexual que sentiu na pele os preconceitos, os sonhos e as fantasias de uma nova vida após fazer uma cirurgia de troca de sexo.
A complexidade entre os valores de uma sociedade real e os desejos mais íntimos de uma pessoa que vive entre as fantasias de um imaginário “quase utópico” e uma realidade cruel faz de Berna uma vítima da incompreensão e intolerância dos hábitos tradicionais desenvolvidos ao longo da história social. Nesse encontro ela promove um discurso que sensibiliza para a compreensão das diversidades e da importância de se fazer valer os direitos e os deveres, bem como da importância de uma comunicação de verdade, onde as pessoas possam se ver de fato e não através de rótulos e de conceitos pré-existentes. A peça pode ser vista como um ritual de passagem aonde Berna Herculine vai morrendo aos poucos como se caminhasse na direção da liberdade enquanto imprime em seus ouvintes a sua forma de ver as relações humanas.

Texto, direção, concepção e interpretação de Pedro Delgado. A estréia será no dia 2 de outubro, às 21h na Sala Álvaro Moreyra, onde ficará até 15 de novembro, sempre as sextas e sábados às 21 e domingos 20h. O valor do ingresso será de R$ 15,00 com desconto de 50% para idosos, estudantes, professores e classe artística.